top of page

Distribuição Populacional em Maceió: o que os dados do Censo 2022 nos revelam?

  • Sidcley Santos
  • 1 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 2 de jun.


Este artigo é fruto do relatório Distribuição Populacional de Maceió, elaborado com base nos dados do Censo Demográfico de 2022 e nas séries históricas disponíveis no sistema SIDRA/IBGE. O objetivo é compreender as transformações recentes no padrão de crescimento e redistribuição da população na capital alagoana. 



População de Maceió entre os anos de 1970 e 2022


O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, traz um conjunto robusto de dados que permite compreender, com maior precisão, a complexa reconfiguração urbana de Maceió nas últimas cinco décadas. Utilizando séries históricas obtidas no sistema SIDRA/IBGE, é possível identificar padrões de crescimento, estagnação e deslocamento populacional que moldaram — e continuam moldando — o espaço urbano da capital alagoana.


Na década de 1970, Maceió concentrava apenas 16,6% da população de Alagoas. Em 1991, esse percentual já alcançava 25%, com a cidade abrigando 629.041 habitantes. O salto de 139% em duas décadas revela uma verdadeira explosão urbana, impulsionada pelo êxodo rural, pela busca por infraestrutura e emprego, e pela concentração de políticas públicas e investimentos na capital. Esse ciclo produziu efeitos profundos, como o crescimento acelerado e desordenado de áreas periféricas, em especial o que hoje conhecemos como Benedito Bentes, fruto direto das dinâmicas de periferização típicas do Brasil nos anos 1990.


Contudo, os dados mais recentes sugerem uma mudança de padrão. O Censo 2022 aponta que Maceió atingiu 957.916 habitantes, um crescimento modesto de 2,7% em relação a 2010. Esse ritmo revela um movimento de estabilização demográfica, em contraste com a forte expansão do passado. Ao mesmo tempo, a Região Metropolitana cresce de forma mais significativa, com destaque para os municípios de Rio Largo (+37%), Marechal Deodoro (+31%) e Satuba (+66%), evidenciando um processo de metropolização e redistribuição da população, que escapa dos centros urbanos saturados em direção a áreas periféricas com maior disponibilidade fundiária e empreendimentos residenciais em expansão.



Tabela 1: População dos bairros de Maceió (censo de 2000, 2010 e 2022)

BAIRROS

2000

2010

2022

Cidade Universitária

52.269

71.441

118.017

Benedito Bentes

67.964

88.084

110.746

Jacintinho

77.849

86.514

73.139

Tabuleiro do Martins

55.818

64.755

61.194

Clima Bom

47.858

55.952

50.386

Jatiúca

33.758

38.027

42.466

Ponta Verde

16.361

24.402

28.591

Feitosa

25.386

30.336

26.786

Serraria

16.170

22.675

26.590

Vergel do Lago

32.307

31.538

26.562

Petrópolis

15.765

23.675

26.273

Antares

9.193

17.165

25.454

Santa Lúcia

18.844

26.061

24.172

Trapiche da Barra

24.257

25.303

23.041

Santos Dumont

13.792

20.471

21.185

Poço

20.195

20.776

19.504

Ponta Grossa

24.186

21.796

18.381

Farol

17.343

16.859

17.789

Gruta de Lourdes

13.687

14.283

15.160

Prado

17.925

17.763

14.884

Barro Duro

10.597

14.431

14.389

Chã da Jaqueira

16.843

16.617

13.964

Santa Amélia

8.236

10.649

12.847

Cruz das Almas

9.250

11.708

12.104

São Jorge

4.309

8.445

12.080

Jacarecica

5.093

5.742

9.660

Levada

10.582

10.882

9.554

Chã de Bebedouro

11.469

10.541

8.632

Ipioca

5.944

7.580

8.116

Rio Novo

5.743

7.310

8.012

Bom Parto

13.549

12.841

8.010

Ponta da Terra

9.132

8.403

7.167

Ouro Preto

4.066

6.224

6.247

Riacho Doce

2.917

5.218

5.833

Fernão Velho

5.655

5.752

5.392

Pinheiro

19.667

19.062

5.369

Jardim Petrópolis

3.969

5.081

5.011

Canaã

4.187

5.025

4.929

Mangabeiras

3.952

4.166

4.554

Pitanguinha

5.053

4.789

4.261

Guaxuma

2.223

2.481

3.606

Pajuçara

3.229

3.711

3.542

Pontal da Barra

2.331

2.478

3.343

Pescaria

2.115

2.784

2.579

Centro

3.710

2.818

2.012

Garça Torta

1.889

1.635

1.890

Jaraguá

4.219

3.211

1.502

Santo Amaro

1.846

1.927

1.383

Bebedouro

10.523

10.103

1.128

Mutange

2.528

2.632

0


No interior de Maceió, os dados expõem contrastes expressivos. O bairro Cidade Universitária apresentou um crescimento de 65%, passando a abrigar 118.017 habitantes, ultrapassando o Benedito Bentes como o bairro mais populoso da cidade. Esse crescimento está vinculado à expansão planejada, com a implantação de conjuntos residenciais e infraestrutura urbana, evidenciando uma transição do padrão de ocupação desordenada para formas mais estruturadas de urbanização.


Já o Jacintinho, que em 2000 liderava em população (77.849 hab.), passou por um ciclo distinto. Cresceu 11% até 2010, mas perdeu 15% de sua população até 2022, fixando-se em 73.139 moradores. Com uma densidade de 20.344 hab./km², o bairro simboliza o esgotamento da capacidade física e social de áreas centrais altamente adensadas, onde problemas de mobilidade, infraestrutura e habitação se tornam entraves estruturais.


Por outro lado, a tragédia ambiental do afundamento do solo, causado por mineração em áreas centrais, redefiniu drasticamente a geografia populacional da cidade. Bairros como Mutange, Bebedouro, Pinheiro e Bom Parto perderam juntos cerca de 30 mil moradores, evidenciando o impacto devastador de processos ambientais negligenciados na organização urbana.



Mapa temático: Bairros e a situação populacional (aumento / redução)


Além dos aspectos demográficos, o Censo revela uma mudança funcional da cidade. Regiões da parte alta, como Cidade Universitária, Tabuleiro do Martins, Clima Bom e Santa Lúcia, não apenas concentram quase metade da população de Maceió (411 mil habitantes), mas também passam a atrair investimentos em infraestrutura econômica, com a instalação de shoppings, centros logísticos, supermercados e equipamentos públicos. A cidade se descentraliza e novas centralidades emergem, enquanto os bairros tradicionais do centro se esvaziam ou mudam de função, cada vez mais voltados ao setor comercial.


Compreender essas transformações exige o uso rigoroso da estatística e da análise de dados como instrumentos para subsidiar decisões estratégicas em políticas públicas, planejamento urbano e gestão metropolitana. Mais do que números, os dados censitários expõem dinâmicas sociais, econômicas e territoriais que nos desafiam a pensar a cidade de forma integrada, justa e sustentável.


Acesse o relatório completo:









コメント


この投稿へのコメントは利用できなくなりました。詳細はサイト所有者にお問い合わせください。

Mantido e produzido por  © 2025 Sidcley Santos

bottom of page